quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Desvendando a Obesidade - Parte II


Como citado na postagem anterior, a obesidade está relacionada a vários fatores, principalmente ao genético. Sua influência é intensamente estudada, mutações recessivas em genes de ratos obesos (ob) e diabéticos (db) resultam em uma síndrome semelhante à obesidade mórbida humana. Ratos ob/ob e db/db têm fenótipos (características visíveis de um indivíduo) idênticos, pesando 3 vezes mais que ratos normais, mesmo alimentados com a mesma dieta, e apresentam um aumento de 5 vezes no conteúdo de gordura corporal. A clonagem do gene ob mostrou que ele codifica um hormônio chamado leptina, que se expressa no tecido adiposo (gordura), e em níveis menores, no epitéilio gástrico e na placenta. Seus níveis são maiores em obesos e em roedores que apresentam obesidade induzida (em estudos).
As concentrações de leptina são compreendidas por grupos de neurônios no hipotálamo. Durante a fome, os níveis de leptina caem, ativando respostas comportamentais, hormonais e metabólicas adaptativas. O ganho de peso aumenta a concentração de leptina e induz uma resposta diferente, levando a um estado de balanço de energia negativo. Ainda não se sabe se os mesmos neurônios respondem ao aumento e à redução dos níveis de leptina.
A resposta metabólica à leptina é bastante diferente da resposta à ingestão reduzida de alimentos. Enquanto a restrição alimentar causa redução de massa magra e de tecido adiposo, a perda de peso induzida pela leptina é específica no tecido adiposo. A leptina também previne a redução do gasto de energia, normalmente associado com diminuição da ingestão alimentar.
O papel da leptina na patogênese da obesidade pode ser deduzido por medidas da leptina plasmática. Um aumento na leptina plasmática sugere que a obesidade é o resultado da resistência à leptina. Concentração baixa ou normal desta sugere diminuição na sua produção. Se a baixa regulação pode prever que um subconjunto de indivíduos seria particularmente suscetível à obesidade induzida pela dieta. A resistência à leptina parece ser heterogênea e muitos fatores podem influenciar a atividade do circuito neural que regula o peso corporal. A entrada da leptina no fluido cerebro – espinhal pode ser limitada em vários indivíduos obesos, e a obesidade mórbida poderia ocorrer quando os níveis de leptina do plasma excedem a capacidade do sistema de transporte. Fatores que regulam diretamente o gasto de enegia ou ativam a adipogênese (aumento do depósito de gordura) e a lipogênese (formação de gordura) poderiam também resultar em aparente resistência à leptina.
Além da influência exercida pelos macronutrientes (carboidrato/ proteína/ lipídios) no desenvolvimento da obesidade, recentemente os estudos estão enfocando a influência exercida pelos micronutrientes (vitaminas e minerais), de forma especial pelos minerais. O interesse baseia – se no fato que os minerais participam no metabolismo energético e na secreção e ação da insulina, hormônio anabólico mais importante no organismo, e também por causa de evidências de má distribuição de minerais nos tecidos de animais obesos.
A obesidade está associada à diminuição drástica nas concentrações de zinco, cobre, ferro, e manganês em vários tecidos. Isso pôde ser verificado por meio de avaliação da concentração desses minerais em tecidos de camundongos geneticamente obesos quando comparados com seus controles não obesos, em que se observou que a redução não reflete estado de deficiência nesses minerais.
Nesse sentido, os resultados da maioria dos estudos conduzidos nessa área apontam a existência de distúrbios na distribuição de minerais nos tecidos de animais obesos. Os camundongos geneticamente obesos (ob/ob) apresentam maior concentração de zinco no fígado, no intestino e no tecido adiposo, quando comparados com os controles. Além disso, são observadas concentrações significativamente menores de zinco no pâncreas, no músculo, no osso e na pele desses animais.
A partir das alterações verificadas na distribuição de minerais em tecidos de animais obesos, surgiu grande interesse em avaliar o estado nutricional relativo a ferro, zinco e cobre em humanos obesos, assim como em identificar provável alteração na distribuição desses minerais no organismo obeso.
Por isso, a importância em se equilibrar a dieta, traz grandes benefícios para o organismo, tendo assim um maior controle e tratamento da obesidade.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Desvendando a Obesidade - Parte I

A obesidade, forma mais comum de má nutrição, tem aumentado em proporções alarmantes nas últimas décadas, não só em países ocidentais, mas também globalmente. Obesidade e sobrepeso constituem grave problema de saúde pública em razão do risco de doenças associadas, como hipertensão arterial sistêmica, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo II, doença da vesícula biliar, alguns tipos de câncer, osteoartrite, apnéia do sono, e outras desordens. As causas são de muitos fatores, incluindo genéticos, ambientais, socioeconômicos, e influências comportamentais ou psicológicas. A disponibilidade de dietas com altas densidades calóricas e estilo de vida sedentário, são os dois maiores fatores ambientais associados com o aumento da prevalência da obesidade. Estima – se que aproximadamente 64,5% da população norte americana, isso compreende a mais de 120 milhões de pessoas que apresentam sobrepeso ou obesidade. Em crianças na faixa de 6 a 19 anos de idade, a estimativa é de 15%. No Brasil, a prevalência da obesidade aumentou muito na última, especialmente em mulheres adultas, chegando a 13,3%. A taxa de crescimento da obesidade no país é de 0,36% ao ano para mulheres e de 0,20% ao ano para os homens.
Pode ser definida de diferentes maneiras, ou seja, não há uma definição simples e uniforme. A OMS (organização mundial de saúde) define obesidade como doenças crônica prevalente em países desenvolvidos e em desenvolvimento que está substituindo as preocupações de saúde pública mais tradicionais, como subnutrição (desnutrição) e doenças infecciosas. De maneira simplificada, a obesidade refere – se a um excesso de gordura corpórea ou adiposidade. Apesar de haver evidências de que a distribuição regional da gordura pode alterar os riscos para várias co – morbidades, o índice de peso/ altura que apresentava alta correlação com adiposidade, mas não quantifica a adiposidade corporal total ou fornece informação relativa à distribuição de gordura regional. A OMS recomenda uma classificação mais restrita da obesidade, na qual o sobrepeso é definido como IMC (índice de massa corporal) maior ou igual a 25 e obesidade com IMC maior ou igual a 30.
O índice de massa corporal, é a razão do peso pelo quadrado da altura, ou seja, uma pessoa que pesa 90 Kg e mede 1,70m, calcula - se 90 dividido por 1,70 x 1,70 que é igual a 2,89. Divide se os 90 por 2,89 onde 31,14 Kg/m2 é o IMC calculado. Esta é uma classificação de obesidade neste exemplo, por isso se você apresenta essas características procure realizar uma dieta e inicie uma atividade física, pois os riscos de complicações, já citados podem ocorrer.
Na próxima publicação, explicarei os mecanismos químicos da obesidade e o que podemos fazer para evitá - la.

Saiba mais sobre o zinco

O zinco (Zn) é o segundo elemento – traço mais abundante no corpo humano, sua essencialidade para os organismos vivos foi comprovada em 1869 por Raulin, séculos após o reconhecimento do papel do ferro em vários sistemas biológicos. Na evolução histórica, seguem as descobertas da essencialidade do zinco para o cultivo de milho, para o crescimento de ratos (1934) e para o ser humano (1955), com o reconhecimento pela comunidade científica, que, na época, não considerava a possibilidade dessa deficiência para humanos. É um componente essencial para a atividade de mais de 300 enzimas e estabilizador de estruturas moleculares de constituintes citoplasmáticos. Participa da síntese (produção) e da degradação de carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucléicos, e desempenha função primordial na transcrição de polinucleotídios e conseqüentemente na redução da expressão gênica. As enzimas contendo zinco que participam da síntese ou da degradação de ácidos nucléicos expressam o efeito dessa deficiência no crescimento e reparo celular.
As funções do zinco são de tal importância e amplitude que se subdividem – se em três categorias, estrutural, enzimática e reguladora.
Suas deficiências, como sinais e sintomas, apresentam manifestações mais comuns, anorexia, hipogonadismo (diminuição da função das gônadas, ovários ou testículos), hipogeusia (deficiência do sentido do gosto, do paladar), intolerância à glicose, disfunções imunológicas, retardo do crescimento e atraso na maturação sexual.
Por isso as recomendações de zinco variam em torno de 8 a 11mg para homens e mulheres, e até 14mg em situações especiais como gravidez e lactação. Já em crianças, as recomendações variam entre 2 e 8mg diários.
As principais fontes alimentares de zinco são ostras, camarão, carnes bovina, de frango, e de peixe, fígado, gérmen de trigo, grãos integrais, castanhas, cereais, legumes e tubérculo. Frutas, hortaliças e outros vegetais em geral são fontes pobres em zinco.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Dicas para combater a celulite


Como mencionei na matéria Celulite e Nutrição, a celulite trata - se de um infiltrado edematoso, não inflamatório no tecido celular subcutâneo. Sabe - se que, a má alimentação e o sedentarismo são ingredientes fundamentais para o seu aparecimento. Por isso:
· Evite consumo de alimentos fritos, se possível, substitua - os por alimentos grelhados, assados ou cozidos;
· Diminua o consumo de açúcar e doces em geral;
· Procure acrescentar cereais integrais, como granola, aveia, germe de trigo, biscoitos integrais, pães e arroz integral na sua dieta;
· Consuma em média 3 a 4 frutas variadas ao dia;
· Introduza hortaliças cruas e legumes cozidos variando os no almoço e jantar;
· Opte sempre por laticínios magros, como leite desnatado, queijo branco e iogurte light;
· Use pouco sal, pois este mineral consumido em excesso, aumenta o processo edematoso da celulite;
· Consuma mais de 10 copos de água ao dia, entre as refeições;
· Procure praticar atividade física no mínimo 3 vezes na semana, variando entre exercícios aeróbios como caminhada, corrida, bicicleta e musculação para que se possa tonificar a musculatura, sempre com acompanhamento de um profissional educador físico;

terça-feira, 17 de junho de 2008

Celulite e Nutrição


A lipodistrofia ginóide, também denominada paniculopatia edematofibroesclerótica, ou fibroedema gelóide, é vulgar e erroneamente conhecida como celulite. O termo celulite é totalmente impróprio para designar essa afecção, uma vez que a terminação ite faz alusão a condições inflamatórias e/ou infecciosas, quando na realidade trata - se de um infiltrado edematoso, não inflamatório no tecido celular subcutâneo. A mesma desinformação tem levado ao aparecimento de promessas terapêuticas "milagrosas", sem resultados eficazes, pondo também em risco a saúde de quem se submete a elas, não levando em consideração os fundamentos fisiopatológicos dessa disfunção. Condição clínica predominante em mulheres, não necessariamente associada à obesidade, tratando - se de uma afecção que promove alterações estéticas e sintomatologia própria. Causa de grande angústia, comprometendo o equilíbrio emocional e a auto - estima de seu portador, frente ao aspecto pouco agradável que seu corpo adquire, promovendo profunda modificação na estrutura histológica da pele, por dificuldade de aporte nutricional, com agravamento progressivo e tendência à cronicidade. Entre as principais características histológicas encontradas, observa - se um infiltrado edematoso, não inflamatório, acometendo o tecido conectivo subcutâneo, acompanhado de alterações na microcirculação conectiva que conduz evolutivamente para esclerose, que finalmente compromete o tecido adiposo, conferindo à pele, no estágio mais avançado, o inestético aspecto de "casca de laranja". Diversos são os fatores computados como causadores dessa disfunção, passando inclusive por uma condição antropológica, metabólica, hormonal e outras, sendo necessário ter em mente esse caráter multifatorial na sua etiologia, para que possamos ter sucesso terapêutico.

sábado, 7 de junho de 2008

Nutrição, Exercício e Condicionamento Físico


Assim como na saúde, a genética desempenha um importante papel no sucesso esportivo. O mesmo acontece em relação ao estilo de vida, ao treinamento esportivo apropriado e à nutrição esportiva. Um dos principais fatores que determinam o sucesso no esporte é a capacidade de maximizar seu potencial genético, com treinamento físico e mental apropriado, a fim de preparar a mente e o corpo para a competição intensa. Para isso os atletas fazem um condicionamento físico para o esporte, isto é, desenvolvem componentes do condiconamento físico, como força, potência, velocidade, resistência aeróbia e habilidades neuromusculares específicos para sua modalidade.A nutrição esportiva, é uma área de estudo relativamente nova que envolve a aplicação de princípios nutricionais para aprimorar o desempenho esportivo. Embora pesquisadores tenham estudado as interações entre nutrição e várias formas de esporte ou exercício por mais de cem anos, foi apenas nas últimas décadas que se fizeram pesquisas extensivas com relação a recomendações específicas à atletas.Já as pessoas que tem como objetivo qualidade de vida, a combinação exercício - dieta é uma boa abordagem para a prevenção e o tratamento da obesidade, que além de ser uma doença, é um fator de risco importante para outras doenças crônicas. Por isso escolha a atividade física de sua preferência e comece sua dieta (com acompanhamento profissional), com isso, seus objetivos serão alcançados!

Nutrição & Qualidade de Vida


Nutrição é normalmente definida como a soma dos processos envolvidos na assimilação de substâncias alimentares por organismos vivos, incluindo ingestão, digestão, absorção e metabolismo do alimento. Essa definição ressalta as funções bioquímicas e fisiológicas do alimento que comemos, mas a ADA (American Dietetic Association) observa que a nutrição pode ser interpretada num sentido mais amplo, sendo influenciada por uma variedade de fatores psicológicos, sociológicos e econômicos.
Deixe que o alimento seja seu remédio e que o remédio seja seu alimento. Essa declaração é atribuída a Hipócrates há mais de dois mil anos, e ela está se tornando cada vez mais importante à medida que os valores preventivos e terapêuticos do alimento com relação ao desenvolvimento de doenças crônicas estão sendo elucidados.
A maior parte das doenças crônicas tem um componente genético; sem um de seus pais teve coronariopatia ou câncer, você tem uma grande probabilidade de contrair tal doença. Essas doenças passam por três estágios: início, desenvolvimento e progressão. A predisposição genética pode levar ao estágio inicial da doença, mas os fatores do ambiente em que você vive promovem seu desenvolvimento e conseqüentemente progressão. A esse respeito, acredita – se que alguns nutrientes são promotores, isto é, levam à progressão da doença, enquanto outros são considerados antipromotores por impedirem que o processo inicial progrida para um quadro grave.
Os alimentos ingeridos desempenham um papel importante no desenvolvimento ou progressão de várias doenças crônicas, como cardiopatia coronariana, diabetes, hipertensão, osteoporose, obesidade e vários tipos de câncer.
Por isso, que hábitos alimentares saudáveis e a prática de exercícios físicos, podem promover melhor controle e prevenção destas doenças e conseqüentemente mais qualidade de vida.

Efeito do exercício no metabolismo das gorduras

Inúmeros estudos têm demonstrado que os indivíduos treinados usam mais gordura do que os não treinados durante uma tarefa padronizada de exercício. Por exemplo, numa corrida de 12,8 quilômetros por hora, depois de um treinamento de endurance (ex.: corrida) de dois meses, você usaria a mesma quantidade de calorias que teria usado numa corrida realizada antes do treinamento. Entretanto, depois do treinamento, grande parte dessa energia seria derivada da gordura. Consequentemente, o treinamento ajuda você a melhorar sua queima de gordura, o que pode ajudar na economia de glicogênio muscular (composto energético).
Embora nem todos os mecanismos tenham sido identificados, vários fatores podem estar envolvidos. Uma pesquisa revela que o treinamento físico aumenta a sensibilidade das células adiposas à adrenalina, possivelmente aumentando a atividade de uma enzima chamada lipase hormônio sensível (LSH) para facilitar a liberação de ácido graxo livre - AGL (gordura) no sangue durante o exercíco. O treinamento também aumenta o conteúdo de triglicérides musculares - possivelmente devido ao aumento da sensibilidade do hormônio insulina - o que regula o movimento dos AGL em direção das células.
Durante o exercício de alta intensidade, o carboidrato é a fonte de energia mais abundante, mas pesquisas recentes mostram que atletas de endurance altamente treinados podem ser capazes de utilizar as gorduras de maneira mais eficiente em exercícios de níveis de intensidade superiores a 50% do volume máximo de oxigênio. Por isso, é importante que se tenha um bom planejamento de exercícios e dieta, monitorados sempre por profissionais específicos, para que seu metabolismo se torne cada vez mais um "queimador de gorduras".