quinta-feira, 11 de março de 2010

Quais os efeitos que a atividade física exerce sobre o metabolismo das proteínas?

Essa questão pode ser abordada sob vários aspectos. Primeiro, como o treinamento pode influenciar no metabolismo da proteína durante o exercício? E segundo, o que acontece durante o período de recuperação entre uma sessão de exercício e outra? Com relação a primeira pergunta, existem várias pesquisas que comprovam a hipótese de que o treinamento de resistência aeróbia, como pedalar e caminhar, melhora a capacidade que a célula muscular tem de usar o carboidrato e a gordura como fontes de energia durante o exercício. Embora as evidências não sejam muito expressivas, alguns pesquisadores, observaram que, o treinamento de endurance (a capacidade de manutenção de um determinado esforço pelo maior intervalo de tempo possível), os músculos parecem aumentar a capacidade de oxidação da leucina e de outros aminoácidos de cadeia ramificada. Assim esse treinamento pode aumentar a capacidade que o músculo tem de retirar energia da proteína de modo semelhante ao da utilização da gordura, outro meio possível de economizar carboidratos, como glicose sangüínea e glicogênio muscular. Além disso, ao se exercitar a uma carga de trabalho padrão antes e depois do treinamento, este também pode reduzir a produção ou acúmulo de amônia, um subproduto do nitrogênio resultante do catabolismo (degradação) de proteína. Com base em pesquisas realizadas com animais, alguns pesquisadores supõe que, em vez de formar amônia, o nitrogênio é incorporado a outros aminoácidos, como a alanina, para ser transportado do músculo para o fígado. Em geral, essas alterações no metabolismo da proteína durante o treinamento pareciam contrariar a preservação dos estoques de proteína no organismo, mas podem representar outro meio de adaptação do organismo ao treinamento de endurance, numa tentativa de preservar o carboidrato como fonte de energia quando este substrato está abaixo de seus níveis normais no sangue. Por isso, suplementa – se carboidrato ao invés da proteína, para que esta, seja poupada. Outra possibilidade é evitar a fadiga associada à amônia. Embora nenhum mecanismo subjacente tenha sido identificado, o aumento das concentrações de amônia no organismo tem sido associado à fadiga, de uma certa maneira comparável ao acúmulo de ácido láctico. Uma das teorias sustenta que o aumento das concentrações de amônia no músculo pode prejudicar os processos oxidativos, diminuindo, assim, a produção de energia, enquanto outra sustenta que o aumento de amônia no plasma pode prejudicar as funções cerebrais e induzir à fadiga central. Como a amônia é formada no músculo a partir do grupo amina, a eliminação desse grupo pela alanina ou qualquer outro aminoácido, como a glutamina, pode ajudar a reduzir a produção de amônia e retardar o início da fadiga. Assim, o aumento da produção de alanina teoricamente pode ser um efeito benéfico do treinamento. Com relação a recuperação entre um exercício e outro, embora a degradação de proteína possa ocorrer durante o exercício, ou até mesmo após o treinamento, o período de recuperação é marcado por um aumento da síntese (produção) de proteína. Muitos estudos comprovam que, após o exercício de força ou endurance, o equilíbrio de proteína se mantém ou se torna positivo. Indivíduos treinados, durante o repouso, apresentam oxidação (queima) de gordura e economia de proteínas, fatos comprovados pela análise do metabolismo da leucina e pelo quociente respiratório. Aparentemente, o exercício estimula o DNA do núcleo das células musculares a aumentar a síntese das proteínas, e o tipo de proteína sintetizada varia de acordo com o tipo de exercício. O exercício aeróbio estimula a síntese das mitocôndrias e das enzimas oxidativas, que são compostas por proteína e são necessárias à produção de energia pelo sistema de oxigênio. O treinamento de força, portanto, promove a síntese das proteínas contráteis do músculo. Essas adaptações ao treinamento são fatores importantes para a melhora do desempenho. O efeito do treinamento na produção de equilíbrio positivo de nitrogênio ou de proteínas durante o período de recuperação depende de um consumo adequado de proteínas e também das gorduras e carboidratos, onde este último, apresenta um papel fundamental, como já foi citado, de poupar proteína.

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